Aneel nega pedidos de impugnação do leilão de energia para Roraima

O leilão de suprimento de energia para Roraima, agendado para ocorrer nesta sexta-feira, 31, tende a acontecer como previsto. Os recursos impetrados na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) foram negados em reunião extraordinária realizada nesta quinta-feira.

Ao Canal Energia, um dos diretores da agência reguladora, Sandoval Feitosa, minimizou os pedidos de impugnação, diante de um certame totalmente novo para a Aneel. Lembrou que a agência nunca teve um leilão contestado em sua história e que o fato de ser direcionado a atendimento de sistema isolado traz um caráter inovador à disputa, ainda mais com a colocação de dois produtos distintos, potência e energia.

Feitosa destacou ainda que a perspectiva de que o linhão que interconectará Roraima ao Sistema Interligado Nacional não trará dificuldades ao segmento uma vez que atualmente não há a Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUST) incidente e que no futuro poderá ter. “Esse é um dos pontos do pedido de impugnação”, revelou ele.

Para esse tema, comentou o diretor, a agência encontrará a solução que atribuirá segurança ao mesmo tempo que promova a atratividade aos interessados na disputa. “Posso dizer que vamos buscar o melhor arranjo possível para que os participantes tenham previsibilidade ao disputar o certame”, comentou.

Feitosa acredita que a chegada do linhão a Roraima não interferirá no certame, uma vez que o Estado poderá contar com mais de uma fonte de atendimento da demanda. Assim, poderá ter maior segurança energética. “Cerca de 70% do atendimento vinha da Venezuela e 30% pelo parque térmico local, mas hoje é basicamente esse segundo grupo que atende à demanda total, um volume para o qual não estava projetado. A insegurança limita o estado, não tem grandes indústrias e limita a qualidade de vida. A logística também é complexa, já que são 80 caminhões diários de diesel”, destacou.

Com o linhão, apontou, o estado teria redundâncias de fornecimento o que configura em mais segurança para atendimento assim como já ocorre em outros estados do país.

 

Concepção do leilão de Roraima desagrada players do mercado

Ainda conforme o Canal Energia, o leilão desagradou a alguns players da indústria. Não pelo certame em si, importante do ponto de vista da segurança energética para a única região do Brasil desconectada do Sistema Nacional Interligado, mas pela forma como foi concebido.

Para Diego Longerhosrts, gerente da GreenYellow do Brasil, o país perdeu a oportunidade para uma definição melhor quanto a participação de projetos de armazenamento, ainda que o leilão seja importante para estruturar melhor a qualidade do fornecimento de energia a região, que tem sofrido com a crise na vizinha Venezuela.

O executivo ainda afirmou que esse é um mercado novo globalmente falando, mas que a falta de uma regulamentação por aqui dificulta a previsibilidade dos aportes para engenharia e produtos específicos. “Esse engessamento regulatório impede a entrada de novas tecnologias, que estão aí justamente para facilitar as coisas. Talvez seja o momento de sentar e propor os cases, com trabalhos conjuntos para o futuro. Estamos muito acostumados a fazer o mesmo de sempre”, comentou.

Gustavo Tegon, gerente de Vendas da BYD no Brasil, concorda que o leilão de Roraima foi mal desenhado. “Não houve um consenso junto com a indústria, para que virasse um cabeça de série para começar a ser experimentado”, pontuou.

Já o líder de Novas Tecnologias da GE Renewable Energy – Grid Solutions para América Latina, Rodrigo Salim, acrescentou a necessidade de um plano nacional de metas para redução do uso de carvão como fonte, assim como metas específicas para o uso de armazenamento de energia.

Ele dá o exemplo do Chile, em que o trabalho é aberto, com os players sendo chamados e as mesas de trabalho sendo definidas. “Não adianta ter um leilão específico como esse. Precisamos de ações conjunturais”, defendeu.

Sair da versão mobile