Operação Acolhida estima interiorizar 1,5 mil migrantes venezuelanos por mês em 2021

Em três anos, a Operação Acolhida alcançou a marca de 50 mil refugiados e migrantes venezuelanos interiorizados de Roraima para mais de 650 municípios brasileiros. Com a pandemia do novo coronavírus em curso desde março de 2020, o número de pessoas deslocadas diminuiu pela metade, mas a meta para este ano é manter 1.500 interiorizações por mês.

(Fonte: Plataforma R4V – Resposta a Venezuelanos)

“As inúmeras parcerias nos permitem dar essa resposta perante uma grave crise humanitária na Venezuela. Como se não bastasse isso, há a pandemia. E esse número [50 mil interiorizados] é fruto dessa sinergia, dessa coordenação, de muita dedicação. A [Operação] Acolhida está sempre se reinventando”, reconheceu o coordenador da Força Tarefa Logística Humanitária, general Antônio Barros.

Em 2018, quando a estratégia de interiorização foi adotada, cerca de 5 mil pessoas foram deslocadas. No ano seguinte, foram 22 mil e, em 2020, o número caiu para 19 mil. “A meta para este ano é de 1.500 interiorizações por mês. Evidentemente que novos desafios aparecem. Temos que focar nas pessoas hipervulneráveis [famílias monoparentais, pessoas com deficiências]”, frisou. 

Mesmo orgulhoso da operação que coordena, Barros reconhece que a Acolhida não é perfeita. “Claro que não. Temos problemas? Inúmeros. Porque a interiorização não é apenas um deslocamento para outra cidade. É uma integração socioeconômica do migrante, com a proteção social”.

A oficial de Relações Institucionais da Agência da ONU para Refugiados, Thais Menezes, vai além: “Estamos falando de qualidade de vida e contribuição dessas pessoas para a nossa sociedade”. Segundo um estudo do Acnur, a partir do momento que o refugiado ou migrante chega à cidade de destino, todos os indicadores de integração socioeconômica melhoram.

“O Acnur entende que há diversos impactos positivos: minimiza o impacto da presença dessas pessoas nos serviços oferecidos localmente [no caso, em Roraima] e, ao chegarem à cidade de destino, encontram novas oportunidades de inserção na sociedade brasileira. Essas pessoas vieram de seus país de origem trazendo conhecimento e vão contribuir para o mercado produtivo brasileiro”, comentou.

 

Modalidades de interiorização

Atualmente existem quatro modalidades de interiorização: reunificação social, buscada pela maioria dos beneficiários; institucional (de um abrigo em Boa Vista para outros centros de abrigamento temporário por todo o Brasil); reunificação familiar; e vaga de emprego sinalizada (na qual os beneficiários são selecionados para um cargo de emprego antes da realocação). “Tudo isso ocorre dentro da legalidade e da legitimidade”, ressaltou Barros. 

Porém, apenas pessoas regularizadas no Brasil (tanto por meio da solicitação de refúgio quanto por visto de residência temporária) e com documentos em mãos, como CPF e Carteira de Trabalho, podem ser interiorizadas. A carteira de vacinação atualizada também é uma exigência.

Reunião social é a modalidade mais procurada pelos beneficiários da interiorização (Foto: Vanessa Vieira/Correio do Lavrado)
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