Irmãos venezuelanos comemoram sucesso com salões de beleza no Brasil

Na rua comercial mais movimentada do centro de Florianópolis, os irmãos venezuelanos Raquel e German realizaram o sonho de ter seu próprio negócio. Em um conhecido prédio da rua Felipe Schmidt, eles celebram o primeiro ano da abertura dos dois salões de beleza que reúnem uma clientela de brasileiros e migrantes.  

O incentivo final para empreender veio após participação no “Impulso! Programa de Empreendedorismo”, uma parceria entre a Círculos de Hospitalidade e a Agência da ONU para as Migrações (OIM). Ao integrarem o projeto com outros 103 conterrâneos e migrantes de países vizinhos ao Brasil, eles foram capacitados e selecionados para receber um capital semente, podendo adquirir equipamentos e produtos para iniciar seu negócio. 

“Cheguei em Florianópolis com duas malas, consegui trabalho em um salão, depois em outro, mas sempre soube que um dia iria conseguir ter meu próprio negócio no Brasil. O curso foi perfeito porque nos ensinaram tudo, desde como constituir a ideia da empresa, a parte de assessoria legal, como fazer um CNPJ, até a abertura do empreendimento”, conta German. 

Foi na adolescência que eles deram os primeiros passos como cabeleireiros. Na Ilha de Margarita, German construiu uma carreira como modelo e foi proprietário de agências de moda e de salões de beleza. Raquel empreendeu em Caracas, também na área de salões de beleza. Em 2016, no entanto, decidiram vir para o Brasil em busca de novas oportunidades. Com a experiência que possuíam, logo encontraram trabalho nos salões de beleza de Manaus e Florianópolis, onde posteriormente se fixaram.  

Ao longo do percurso, o desejo de gerenciar seus próprios estabelecimentos sempre permaneceu vivo. Foi então que, após cinco anos inseridos no mercado de beleza brasileiro, Raquel e German vislumbraram a oportunidade de abrir o próprio negócio ao participarem da capacitação. 

Hoje, um ano após a abertura da própria empresa, German desempenha as funções de cabeleireiro, barbeiro e maquiador no salão que leva seu nome. Raquel possui uma equipe formada por três venezuelanas, uma cubana e uma brasileira. Para ela, além de um salão, seu empreendimento é um ponto de acolhida.

“A ideia de ter o salão é poder trabalhar com o que gosto, sou cabeleireira há 40 anos. Mas também tenho o projeto de ensinar as pessoas migrantes a terem um ofício. É difícil chegar em outro país sem falar o idioma e conseguir um emprego. Aqui é um lugar para receber pessoas até que elas se estabilizem e sigam seus caminhos. Quero que todas possam crescer como eu cresci”, disse.

 

Parceria

A colaboração entre a OIM e a Círculos de Hospitalidade, iniciada em abril de 2020, já apoiou mais de 4.500 venezuelanos e migrantes vulneráveis no Brasil. Foram oferecidas sessões informativas e atendimentos na área de acesso a direitos e empreendedorismo, assim como cursos de Português como Língua de Acolhimento. 

“Estamos vendo na prática a importância de se promover atividades de inclusão, formação e acesso ao mercado de trabalho para os venezuelanos e migrantes em vulnerabilidade. Iniciativas como essa transformam vidas, trazem estabilidade e possibilitam o desenvolvimento coletivo da sociedade”, ressalta a coordenadora de projetos da OIM, Carolina Becker. “Ao conectar essas pessoas com oportunidades, estamos não apenas promovendo a sua inclusão socioeconômica, mas também fortalecendo a economia local”, completou. 

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