Resultado de investimentos na Primeira Infância é mais duradouro, diz representante da Fundação van Leer no Brasil

E se um adulto pudesse vivenciar uma cidade a partir de 95 centímetros, o que mudaria? Essa é a resposta que gestores de mais de 80 cidades ao redor do mundo, sendo 27 no Brasil, buscam.

“A Urban95 é um convite para os gestores públicos olharem para as suas cidades a partir da altura média de uma criança de três anos de cidade. Hoje a gente tem uma série de intervenções táticas, urbanas, a gente reforma praças, parques… Mas não só isso. A gente pensa nos programas e serviços, e na proximidade das famílias em si”, explica Claudia Vidigal, representante da Fundação Van Leer no Brasil, organização holandesa que investe na Primeira Infância como estratégia para enfrentamento da desigualdade no mundo.

A iniciativa citada por Claudia apoia municípios na elaboração de diagnósticos locais, com dados para embasar melhorias mais assertivas e oferece apoio técnico nos temas de urbanismo e mobilidade, com foco em crianças pequenas e seus cuidadores. Boa Vista é uma das cidades que integra a Rede Urban95, ao lado de outras capitais e municípios do interior do País.

Uma das pioneiras, Boa Vista faz investimentos na Primeira Infância há uma década. Além do programa Família que Acolhe, que integra os serviços de saúde, educação, gestão social e comunicação para as mulheres e crianças, há espaços públicos, como creches, unidades de saúde e pontos de ônibus, adaptados para as crianças.

“Tudo isso faz o desenvolvimento cerebral da criança ser acelerado, fortalecendo o vínculo e, sem dúvida nenhuma, garantindo uma criança com um desenvolvimento mais efetivo para o futuro dela. E é assim que a gente consegue reduzir as desigualdades sociais reais no Brasil, dando oportunidade para que as crianças, independentemente da condição social, independentemente da renda que a família tenha, possa ter interações positivas com seus familiares, com outras crianças, com a comunidade inteira”, afirma o prefeito de Boa Vista, Arthur Henrique.

 

O que falta?

“Quando a gente pergunta para as crianças o que elas querem, o que elas esperam da cidade, quase todas mencionam natureza e cor. Espaços brincantes com cor, calçadas com amarelinhas ou outros jogos, labirintos. É simples, não é tão difícil assim. Trazer sombra, trazer árvores, trazer flores, é o que elas pedem. Então a gente pode escutar as crianças para esse dia das crianças, não é?”, questiona Claudia Vidigal.

Porém, pensar na Primeira Infância vai além disso e demanda recursos financeiros. “A gente não faz projetos ou ações efêmeras, pensamos também em ações mais estratégicas, de longo prazo. (…) A gente tem um ecossistema de gestores públicos, desde o Congresso, do Judiciário, dos gestores municipais, estaduais e federais, já razoavelmente comprometidos. Mas o orçamento, que é onde a gente vê a prioridade acontecendo de fato, ainda é muito menor do que poderia ser”, comenta.

Segundo Claudia, o orçamento para a Primeira Infância está aquém comparando com outras faixas etárias. “O retorno do investimento [nesse período da vida] é maior do que em qualquer outra etapa, é também mais profundo… O resultado desse investimento é mais profundo e duradouro. Então a gente ainda vê bastante espaço para que a Primeira Infância cresça na agenda pública do País”.

 

Com informações da Fundação Bernard van Leer

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