Roraima lidera ranking de focos de queimadas no Brasil em 2024

Quase 30% dos focos de queimadas registrados no Brasil desde janeiro de 2024 foram em Roraima. O Estado lidera o ranking, com 3.975 focos, seguido por Mato Grosso (3.104) e Pará (986). É o que apontam os dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

Sete dos 10 municípios brasileiros com mais focos de queimadas em 2024 são de Roraima: Caracaraí (736), Mucajaí (557), Rorainópolis (399), Iracema (388), Amajari (360), Alto Alegre (322) e Cantá (283). Completam o ranking Corumbá/MS (248), Nova Maringá/MT (216) e Brasnorte/MT (176).

Em coletiva de imprensa, o comandante-geral do Corpo de Bombeiros Militar de Roraima, coronel Anderson Carvalho, detalhou as ações de prevenção e de combate a incêndios já realizadas: contratação de 240 brigadistas para reforçar nos combates, escavação de cacimbas para bebedouro animal, perfuração de poços artesianos para consumo humano nas sedes dos municípios e distribuição de cestas básicas nos locais afetados pela estiagem.

“Nós não estamos vivendo um momento como [em] 98, que o incêndio não se controlava. Hoje, as nossas equipes chegam no local solicitado e conseguem controlar aqueles incêndios prioritários. Mas o que ocorre ainda é que a população ainda não se sensibilizou com o momento que nós estamos vivendo e continua iniciando incêndio, continua queimando, continua colocando fogo, inclusive, incendiarismo”, disse.

O comandante afirmou que solicitou ao Governo Federal, por meio da Defesa Civil Nacional, reforço no efetivo e o montante de R$ 10 milhões, para auxiliar os municípios em situação de emergência, mas que apenas parte do recurso (cerca de R$ 7 milhões) foi disponibilizada. “Solicitamos apoio de militares do Exército, mas não tivemos resposta. Quanto ao recurso, foi enviado para aquisição de cestas básicas e para locação de caminhões-pipa”, comentou.

Coronel Anderson (ao centro) durante coletiva de imprensa (Foto: Secom RR)

 

Fumaça

Durante a coletiva, o comandante do Corpo de Bombeiros destacou os números de queimadas registrados nos países vizinhos, como a Venezuela, que já teve mais de 9.700 focos neste mês. Esses focos, aliados aos registrados em Roraima, agravam a emissão de fumaça causada por incêndios florestais.

A exposição abrupta a picos de poluição do ar, pela fumaça de incêndios florestais, pode produzir múltiplos eventos patológicos agudos. A recomendação é evitar exposição desnecessária ao ambiente aberto e utilizar máscara facial em situações de maior concentração de fumaça, enquanto a situação perdurar.

“Períodos longos de exposição à fumaça podem causar prejuízo à saúde, principalmente para as pessoas que já sofrem com algum problema respiratório. Então, cuidado com as crianças, cuidado com os idosos, tentar não expor essas pessoas à fumaça, evitar a atividade física. É muito perigoso, dependendo da quantidade de tempo de exposição isso pode levar a pessoa ao hospital”, assegurou coronel Anderson.

Qualidade do ar em Boa Vista é considerada “muito ruim” (Foto: Diane Sampaio/Semuc BV)

 

Crime ambiental

Até o momento, três pessoas foram presas em flagrante, e sete foram indiciadas e respondem em liberdade por causar incêndios. De acordo com a delegada-geral da Polícia Civil, Darlinda Moura, os criminosos podem responder por causar incêndio (Código Penal) e por atear fogo em floresta ou mata (Lei de Defesa Ambiental).

“Temos dois crimes, e os dois têm modalidades culposa e dolosa. A gente atua exatamente tentando identificar quem é o autor e procurar saber os motivos do ato: se foi de forma dolosa, quer dizer, com a intenção de causar aquele dano, ou se foi de forma culposa, por negligência, algum tipo de imprudência ou imperícia”, afirmou. “O que a gente tem percebido é que, na maioria das vezes, há produtores rurais ou agricultores que, por imperícia, por não saber controlar o fogo, estão fazendo as áreas de queimada, e essa área de queimada se estende até a mata, a floresta, a área de preservação ambiental, a outras fazendas e propriedades no entorno”, completou Darlinda. As penas podem chegar a seis anos de detenção.

A população pode denunciar incêndios criminosos à Polícia Civil, inclusive com a disponibilização de imagens, nas delegacias e no site. “Muitas das vezes esses crimes estão sendo cometidos durante o período da madrugada ou da forma mais escondida possível (…) Pessoas que têm circuito interno de câmeras, que conseguem captar aquela movimentação suspeita no entorno e até iniciar um incêndio, nos procurem e façam a entrega dessas imagens. A gente vai tentar identificar essas pessoas e vai tentar localizá-las para que possam responder pelos crimes, se foram eles que fizeram o delito”, pediu.

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