Para reduzir o desperdício de água e aumentar a arrecadação, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) pretende instalar ou substituir até o final deste ano mais de 10 mil hidrômetros, equipamento que apura o consumo da água em residências ou prédios. A vida útil de um hidrômetro é de cinco anos.
A empresa classifica a instalação dos hidrômetros como um investimento. “A instalação vai ser feita e a fiscalização vai aumentar. A gente vê nas redes sociais as pessoas reclamando que estamos cortando o fornecimento da água, mas há casos de pessoas que estão há anos sem pagar a conta. Na verdade, existe uma cultura de não pagar a água”, comentou o diretor administrativo-financeiro da Caerr, Thiago Fernandes.
Em uma unidade consumidora sem hidrômetro, o cliente paga apenas uma taxa de R$ 23. “A empresa sobrevive de arrecadação. A água está ali no rio, quem quiser pode pegá-la. Mas, quando ela entra no nosso cano, vira um produto comercial. É muito caro fornecer essa água. Tem produtos químicos, energia elétrica, mão de obra. Então torna-se um bem caro e ainda assim temos uma das menores tarifas do país”, disse.
Cobrando pelo que o cliente consome, a Caerr pode reorganizar as contas e diminuir as dívidas da empresa, que chegam ao montante de R$ 400
milhões. Só com fornecedores o débito chega a R$ 10 milhões, valor que foi renegociado e parcelado.
“A nossa situação é muito parecida com a da Cerr [Companhia Energética de Roraima]. Se não houver mudança de gestão em relação a investimento, corte de despesas e modernização da empresa, vamos ser a nova Cerr”, comparou Fernandes.
Por falar em dívidas, a inadimplência de proprietários de residências, empresários e até do poder público com a Caerr chega a R$ 150 milhões. Desde janeiro, é realizada uma campanha de renegociação de dívidas, que ofereceu descontos de até 100% nos juros e multas e parcelamento de até 60 vezes. A campanha foi prorrogada até 2 de março.
Em um mês, quase mil consumidores procuraram a empresa para regularizar as contas, a maioria pessoas físicas ou jurídicas. Os órgãos públicos que estão com débitos foram procurados pela própria Caerr. “Notificamos cada órgão para negociarmos a dívida. Poderíamos cortar o fornecimento de água desses locais, mas esse não é o melhor momento para isso”, frisou.
Dívida com a Roraima Energia
Além de dever fornecedores, a Caerr tem débitos com a Roraima Energia. Sem falar em valores, Thiago Fernandes garantiu que a maior dívida da empresa é com a distribuidora de energia. “Não se pagava pela energia elétrica e temos uma dívida acumulada, que já está ajuizada”, revelou. Para diminuir os custos, a empresa fez estudo de viabilidade energética e pretende adotar a energia solar fotovoltaica. A intenção é conseguir recursos com um ministério ou banco mundial para a instalação das placas.
Não faltará água
Agora, no período de estiagem, uma das preocupações do roraimense é com o desabastecimento de água. Mas a direção da Caerr garante que não faltará água: “Adquirimos uma balsa de captação móvel justamente por causa do período de estiagem. Então quando o rio seca e entra muita areia na captação, mudamos a balsa para um local mais profundo do rio. Não vai faltar água”.