Os presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, reuniram-se nesta terça-feira, 19, durante a primeira visita do presidente brasileiro à Casa Branca. Dentre os temas discutidos, estava a Venezuela.
Uma nova era nas relações entre Brasil e Estados Unidos se inicia, para o bem de nossas nações. Grande dia! 🇧🇷🤝🇺🇸 Great day! 👍 pic.twitter.com/rmyViMSeP8
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) 19 de março de 2019
Depois, em pronunciamento aos jornalistas, os dois deram alguns detalhes da conversa. “Hoje falamos de nossas prioridades, incluindo a Venezuela. Hoje o Brasil tem sido um líder em apoio ao povo da Venezuela e seu esforço de retornar à democracia e à liberdade. O Brasil ajudou muito, junto com os Estados Unidos, e foi uma das primeiras nações a reconhecer o presidente legítimo Juan Guaido”, disse Trump, acrescentando que ele e Bolsonaro têm muitas ideias parecidas.
O presidente estadunidense agradeceu a Bolsonaro e ao povo brasileiro por prestar ajuda humanitária aos venezuelanos. “Agradecemos por permitir que os Estados Unidos pudessem basear ajuda e assistência na fronteira do Brasil. O povo brasileiro foi incrível. O povo da Venezuela apreciou e, se as forças de Maduro saíssem do meio, nós teríamos realmente um projeto humanitário de grande sucesso”.
Trump aproveitou e pediu aos militares venezuelanos que deixem de apoiar o presidente Nicolás Maduro, a quem chamou de “marionete cubana”. “Deixem que seu povo volte à liberdade”.
Bolsonaro retribuiu os elogios, dizendo que sempre foi um grande admirador dos Estados Unidos e que a admiração aumentou com a chegada de Trump à presidência.
Quando questionado se permitiria a instalação de uma base militar dos Estados Unidos no Brasil, Bolsonaro afirmou que existe a possibilidade de o Brasil ser um “grande aliado” extra-Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte].
“Há pouco, permitimos que alimentos fossem alocados em Roraima pelos americanos para que a ajuda humanitária se fizesse presente na Venezuela. O Brasil estará a postos para fazer o que for possível para solucionar a ditadura na Venezuela e levar liberdade e democracia àquela país que há pouco era um dos mais ricos da América do Sul, que agora passa fome e sofre com a falta de medicamentos. Temos que somar esforços para botar um ponto final nessa questão ultrajante para o mundo todo”.
Sobre uma possível intervenção militar na Venezuela, Bolsonaro afirmou que certas questões não são divulgadas por estratégia. “Essas questões que podem ser discutidas, se é que já não foram, não poderão se tornar públicas. É questão de estratégia. E tudo o que tratarmos aqui será honrado, mas certas informações não podem ser debatidas de forma pública”.
Já Trump preferiu mudar de assunto. Antes, porém, afirmou que em algum momento as coisas vão mudar. “Todas as opções estão sobre a mesa. Ainda não implementamos as sanções mais rígidas contra a Venezuela. Estamos no caminho intermediário. Não queremos nada além de cuidar das pessoas que estão famintas”, concluiu.
Ajuda humanitária
Há quase um mês, dois pequenos caminhões venezuelanos tentaram atravessar a fronteira Brasil-Venezuela com mantimentos e medicamentos da ajuda humanitária. Em vão. Desde então, parte do material ficou armazenada nas instalações da Operação Acolhida, em Pacaraima, e a outra continuou na Ala 7, em Boa Vista.
Agora, segundo a assessoria de comunicação da Força-Tarefa Logística Humanitária, os gêneros alimentícios estão sendo utilizados para atender cerca de 800 indígenas Pemon que estão represados na fronteira. Por mais que os alimentos sejam não-perecíveis, há um prazo de validade. Ainda assim, apenas a carga brasileira está sendo mexida, enquanto a carga dos Estados Unidos continua intacta.