Há um mês, a fronteira terrestre Venezuela-Brasil está fechada, por ordem do presidente venezuelano Nicolás Maduro. Do lado brasileiro, a fronteira continua aberta, recebendo quem atravessa de um país para o outro por trilhas clandestinas.
A medida visava evitar ‘qualquer tipo de provocações’ que pudessem acontecer dois dias depois, 23 de fevereiro, data marcada para que a ajuda humanitária, com mantimentos e medicamentos doados pelos governos brasileiro e dos Estados Unidos, atravessasse a fronteira.
Desde então, militares da Guarda Nacional Bolivariana reforçam o monitoramento no lado venezuelano. Mesmo assim, cerca de 200 pessoas chegam ao Brasil todos os dias. Até então eram registradas em média 700 entradas diariamente.
Ainda não há previsão para reabertura da fronteira, mas a Operação Acolhida, aqui no Brasil, já se prepara para este momento e um possível aumento do fluxo migratório. “Já existe um planejamento para, quando acontecer a reabertura, recebermos essa demanda represada”, confirmou a chefe de Comunicação Social da Força-Tarefa Logística Humanitária, coronel Carla Beatriz.
Para a oficial de Relações Institucionais do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), Thais Menezes, não é o fechamento da fronteira, do lado venezuelano, que vai impedir que as pessoas cheguem ao Brasil. É um deslocamento forçado.
“Eu sempre falava, mesmo antes deste fechamento, que se criou uma cultura de chegar ao Brasil e se apresentar às autoridades brasileiras, para ser registrado e entrar no país de forma regular. Isso permite que a gente conheça essas pessoas que estão chegando e que a gente se planeje para atender as demandas que vão surgir”.
Thaís cita que, mesmo com o fechamento, em que as pessoas não podem atravessar de um lado para o outro de forma regular, isso vai continuar acontecendo, mas de maneira irregular. “Hoje as pessoas vêm por rotas alternativas e vão lá na Polícia Federal, manifestam se querem a proteção internacional do refúgio ou da regularização migratória pela residência temporária”.
Na visão da oficial de Relações Institucionais do Acnur, o ordenamento da fronteira brasileira evita que os venezuelanos caiam em redes de contrabando e extorsão, porque se a pessoa pode ingressar no Brasil de forma regular, ela não vai se submeter a um traficante de pessoas ou coiote. “É muito mais seguro. [O fato de o Brasil não fechar a fronteira] é uma forma de garantir a segurança da pessoa nesse deslocamento”.
O Brasil sempre foi e vai continuar sendo o país que acolhe a todos que aqui querem fazer sua morada.