“Como pode um único estado do Brasil depender de outro país para ter energia?”. Este foi um dos questionamentos feitos por Alissa Suiany Vitor de Carvalho, aluna do 9ª ano da Escola Estadual Presidente Costa e Silva, ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, durante o evento “Ligando o Brasil, desenvolvendo os Estados”.
Alissa relatou a Bento Albuquerque e ao ministro Marcos Pontes, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, o que todo roraimense já está acostumado: os constantes apagões, os prejuízos de pequenos e grandes empresários, de pessoas humildes que têm seus aparelhos eletrônicos e eletrodomésticos queimados devido às constantes quedas de energia.
“…são todos os trabalhadores de nosso estado, que lutam todos os dias pelo sustento de suas famílias, pagam altos impostos, têm a conta de luz mais cara de todo o país e ainda assim não têm segurança energética. (…) Muitos recursos já foram investidos ao longo de anos, da ordem de bilhões de reais, um valor difícil até de calcular, mas até agora não vimos sair nada do papel”, lembrou a estudante.
Bento Albuquerque respondeu à Alissa e aos roraimenses que o Governo Federal está atento aos anseios do Estado. “A questão do Linhão de Tucuruí é complexa, tanto que está há oito anos para ser viabilizada. Essa é uma prioridade do presidente Jair Bolsonaro, mas não basta vontade, não basta promessas. Tem que ter ações”.
O ministro contou que ainda em dezembro foram iniciadas tratativas para agilizar o andamento da obra e que o plano de trabalho está sendo cumprido fielmente. A estimativa do Ministério de Minas e Energia é que o licenciamento de instalação seja emitido no final deste semestre, que as obras iniciem efetivamente no segundo semestre deste ano, com término previsto para o segundo semestre de 2021.
“Tudo isso está sendo feito de forma transparente e baseado na segurança jurídica para que a obra não venha a ser judicializada. Sabemos as consequências e quem paga é a sociedade de Roraima. Por isso, agimos de forma criteriosa e responsável”.
Novas opções
Enquanto o Linhão de Tucuruí não é concluído e Roraima continua fora do Sistema Interligado Nacional (SIN), o Ministério de Minas e Energia aponta novas opções, como o leilão de fontes alternativas e aumento da capacidade de geração térmica. “O Linhão é importante, mas por si só não traz segurança energética a Roraima”, frisou Bento Albuquerque.
Durante o evento, ele anunciou a contratação de 30 megawatts, totalizando 245 megawatts em operação a partir de setembro deste ano. “Entendemos que dará segurança energética para as necessidades do Estado no momento”.
O leilão de fontes renováveis está confirmado para maio. “Até junho de 2021, Roraima terá novas fontes de energia a um custo mais baixo que as termelétricas, que darão efetivamente aquilo que a Alissa tanto deseja: segurança energética e desenvolvimento sustentável para Roraima”.
Quanto aos apagões quase diários, como ocorreu na tarde de ontem enquanto os ministros voavam com destino a Boa Vista, Bento Albuquerque reconheceu a falha técnica. “O fato é que Roraima não tem a estabilidade do sistema elétrico que nós gostaríamos de proporcionar. Entretanto, acredito que avanços estão ocorrendo e, em breve, esse tipo de problema, seja por questões técnicas ou por pico de consumo de energia, não aconteça”.
Dívida quitada
O ministro revelou que a dívida do Governo brasileiro com o Governo venezuelano por conta do fornecimento de energia elétrica por meio do Linhão de Guri está quitada. “Até o mês de março, os pagamentos estão em dia. Acredito que são recursos importantes para um país como a Venezuela. Acontece que eles não têm controle sobre isso. Em nenhum momento, recusamos a energia que vem da Venezuela. Se eles voltaram a fornecer, estaremos prontos a receber e a pagar por essa energia”, disse sobre a interrupção no fornecimento de energia desde março.
Ele reforçou que o Governo brasileiro não tem qualquer ingerência sob o Linhão de Guri. “Não fomos nós que solicitamos que eles cortassem a transmissão de energia. Transcende a vontade dos técnicos venezuelanos. Eles não têm capacidade de manutenção, não realizaram investimentos. Temos diálogo permanente com a empresa, mas eles não sabem dar as respostas. A postura do governo venezuelano é essa que vemos, de fechar a fronteira, de não aceitar nenhum tipo de ajuda. Estávamos dispostos a enviar técnicos para a Venezuela para auxiliar na manutenção do sistema, mas eles não responderam, não aceitam ajuda, não temos diálogo governo a governo”, finalizou.