Não, a notícia não é antiga. Imigrantes venezuelanos foram retirados por guardas municipais da Praça Simón Bolívar no final da manhã desta quarta-feira, 24. A ação foi flagrada pela reportagem do Correio do Lavrado.
Dezenas de homens, mulheres e crianças saíram da praça e ficaram embaixo de árvores nas proximidades do Hospital da Criança Santo Antônio. Um grupo de venezuelanos relatou à reportagem do Correio do Lavrado que a ação dos guardas municipais é recorrente. “Eles chegam e mandam a gente sair, como se fossemos bandidos. Poderiam só pedir para a gente sair”, contou um deles.
Os imigrantes lamentaram não ter para onde ir. “A gente não tem trabalho, não pode ficar na rodoviária, não pode ficar na praça, não pode ficar em frente às lojas, não pode ficar nas tendas [nos fundos da Rodoviária Internacional, onde são armadas barradas todas as noites para cerca de 800 famílias]. Onde podemos ficar?”, questionaram.
Na praça, os jardineiros comentaram que os imigrantes ficam ali todo dia. “Hoje mandaram fechar o portão”, disse um deles, fechando apenas o portão que dá acesso à Avenida das Guianas. O acesso pela Avenida Venezuela, por onde as viaturas da Guarda Municipal entram e saem, continuou aberto.
Em nota, a Guarda Civil Municipal informou que faz fiscalização e rondas em todas as praças e, quando é identificado alguém utilizando o espaço de forma indevida, é feita a orientação necessária e a retirada da pessoa.
“Na Praça Simón Bolívar, foi identificada depredação do patrimônio público, danificando instalações na praça. Estas instalações, inclusive, já estão sendo recuperadas. A retirada de pessoas é algo pontual e não está relacionada a nacionalidade de quem cometeu o ato”, alegou.
A Guarda Municipal afirmou ainda que a população pode ajudar denunciando os casos de depredação por meio do telefone 153 ou pela Central de Atendimento 156.
Praça reformada
Por meses, a Praça Simón Bolívar serviu de abrigo para milhares de imigrantes que chegaram a Boa Vista e não tinham onde ficar. O local espaçoso e arborizado foi tomado por barracas improvisadas no final de 2017.
Em março do ano passado, a praça foi isolada com tapumes pela Prefeitura de Boa Vista. Semanas depois, em maio, quase 850 venezuelanos foram retirados do local em uma ação do Exército Brasileiro. A justificativa foi a realização de uma reforma na praça, semelhante ao que aconteceu na Praça Capitão Clóvis, no Centro.
Foram feitos serviços de jardinagem, pintura, manutenção, iluminação, colocação de grade metálica e construção de mureta no entorno da praça, que custaram R$ 1.070,958,00, segundo reportagem do G1 Roraima. Com grade e portões, o acesso à praça tem horário restrito, estando aberta das 7h às 18h todos os dias.