Troque o seu sapato com um amigo e calce o sapato dele. Apertou? Ficou folgado? Isso acontece porque cada pessoa tem uma percepção sobre algo, seja um sapato ou um sentimento. O que é motivo de tristeza e ansiedade para você pode não ser para outra pessoa e vice-versa e isso deve ser respeitado.
O respeito ao sentimento do outro é apenas um dos focos do projeto #MeDáUmAbraço, que trata sobre a valorização da vida. Os voluntários do projeto abordam também o bullying, ansiedade, depressão, suicídio e outros temas voltados para a saúde mental.
A primeira edição do #MeDáUmAbraço foi realizada na sexta-feira passada, dia 7, na Escola Estadual Jesus Nazareno, no bairro Caranã. E mobilizou dezenas de alunos de 14 a 18 anos, que receberam a capacitação e se tornaram “agentes do abraço”. Três estudantes de cada turma, escolhidos pelos próprios professores, participam do projeto.
Bruna Bessa e Rayana Barreto, coordenadoras do projeto, explicam que os agentes do abraço serão um elo entre os alunos e um grupo de psicólogos voluntários. “Eles aprendem o básico para identificar pessoas que possam estar precisando de ajuda, passando por um transtorno e entram em contato com a gente para agendar uma sessão gratuita com um psicólogo”.
Além das coordenadoras, que são acadêmicas do curso de Enfermagem, o projeto conta com voluntários dos cursos de Psicologia, Medicina e Agroecologia. Todos da Universidade Federal de Roraima, que é parceira do #MeDáUmAbraço. “Essa interdisciplinaridade na hora de trabalhar com saúde mental é interessante porque toda pessoa tem que entender sobre isso, ajudando em diversas frentes”, comentou Bruna.
A ideia é realizar edições do projeto na primeira e na terceira sexta-feira do mês, sempre em escolas diferentes para alunos dos turnos matutino e vespertino.
O começo
O projeto nasceu a partir de um vídeo que tratava sobre suicídio. Após diversas reuniões, chegou-se à conclusão de que falar sobre a valorização da vida era a maneira mais adequada. “Em vez de falar diretamente sobre o suicídio, decidimos falar sobre o abraço, o toque e o que fazer para evitar a morte, visto que Roraima é o quinto estado com maior número de suicídio cometido por jovens de 15 a 19 anos”, citou Rayana.
E é uma das ações realizadas pelo Grupo Felicidade Boa Vista, que desenvolve também atividades para doação de sangue, plantação de árvores, arrecadação de alimentos, cinema itinerante.
Por que o abraço?
Gesto simples, o abraço pode proporcionar bem-estar físico e emocional. Traz vários benefícios, aliviando a dor, a tensão, melhorando o fluxo sanguíneo, reduzindo o estresse e aumentando a autoestima. “Abraço também é saúde, é gratuito e pode ajudar uma pessoa que está passando por algum transtorno psicológico”, disse Bruna. “O que a gente não consegue dizer com palavras, o abraço expressa. Dá um pause naquele sentimento de tristeza”, completou Rayana.
E aí, #MeDáUmAbraço?