Mais sustentável que o óleo diesel, o biocombustível é uma alternativa para as localidades que não estão conectadas ao Sistema Interligado Nacional de energia, como é o caso de Roraima. E mais um passo no caminho da sustentabilidade foi dado nesta quinta-feira, 27, com a inauguração de uma usina esmagadora para extração do óleo de Palma no município de São João da Baliza, na região sul de Roraima.
O empreendimento da Brasil BioFuels, que angariou investimentos de R$ 65 milhões, terá capacidade inicial de produção de 72 toneladas de óleo por dia, que será destinado a produção de biodiesel em indústria da própria BBF e na geração de energias das termelétricas do grupo.
Milton Steagall, CEO da BBF, afirmou que, com o funcionamento da esmagadora, a empresa, que já produz biodiesel com o sebo bovino, passará a fabricar o biocombustível também por meio do óleo de Palma.
A empresa iniciou o plantio da Palma em 2008, respeitando o Zoneamento Agroecológico da Palma de Óleo (Decreto Nº 7.172/2010), que define a implantação sustentável desse cultivo em áreas desmatadas até o ano de 2007, com o objetivo de recuperá-las. A planta é uma das oleaginosas que oferece maior produtividade no mundo, com média anual de cinco toneladas de óleo por hectare. Para efeitos de comparação, a soja, matéria-prima mais utilizada para produzir biodiesel no Brasil, possui média de 0,7 toneladas.
A BBF identificou na Palma uma oportunidade de proporcionar uma matriz energética mais limpa para os sistemas isolados. “A Amazônia está intoxicada pelo diesel utilizado durante anos para a geração de energia e transporte. Além da emissão de carbono provocada pela queima desse combustível fóssil, o custo é altíssimo: além do valor do litro, o transporte é dispendioso, pois o diesel precisa vir do Sudeste”, explicou Steagall.
A usina esmagadora vai operar com o fruto produzido no cultivo das fazendas próprias, que já remontam mil hectares de área plantada e que aumentarão a produção de biodiesel da BBF. Todo o processo da geração de energia, desde o plantio até a queima será feito em Roraima.
“O bagaço vai ser queimado na termelétrica que está sendo construída em São João da Baliza, com capacidade de 10 megawatts, e o óleo vai ser levado para Boa Vista para servir de combustível de uma térmica maior com 56 megawatts”, disse.
Já foram gerados 400 empregos diretos na região sul do Estado e estima-se que até 2021 o número de pessoas empregadas seja de 2 mil. “Vamos usar a mão de obra local. A produção e a colheita do dendê são feitas artesanalmente, então vamos precisar de muitos trabalhadores. Aqui na esmagadora serão gerados mais de 70 empregos diretos, tudo isso vai ajudar a desenvolver o município e o Estado”, complementou.
Vencedora do leilão
A companhia também foi uma das vencedoras do leilão promovido pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) no final de maio para abastecimento parcial de Roraima, seguindo a mesma premissa de utilização de combustíveis renováveis.
“Utilizaremos o óleo produzido como matéria-prima para substituir o óleo diesel e fornecer energia sustentável para a população”, indica o CEO, que revela também que a empresa fará a produção de energia por meio de uma térmica a biomassa, cujo combustível virá do plantio e exploração da Palma.
São João da Baliza também servirá de base para novos projetos da empresa, que com o empreendimento avança para uma nova etapa: a implantação de uma unidade de produção de etanol de milho, com o aproveitamento do excedente de vapor da UTE. “O etanol será destinado à produção de biodiesel na futura fábrica de Manaus”, informou Steagall.