Dados da Organização Internacional para Migrações (OIM) apontam que a população venezuelana refugiada e migrante que está fora de abrigos da Operação Acolhida em Pacaraima cresceu 11,3% de maio para junho desse ano.
Entram nessa conta as pessoas que vivem em espaços públicos (ocupados espontaneamente), em espaços privados (cedidos pelos proprietários à população desabrigada para estadia por tempo limitado ou indeterminado) ou em situação de rua.
Até o final de junho, o número de pessoas em situação de rua chegava a 135. Mas essa realidade mudou após portaria do Governo Federal que flexibiliza a entrada de pessoas em situação de vulnerabilidade no Brasil, e dados da Operação Acolhida indicam que 800 pessoas estavam nas ruas de Pacaraima nessa semana.
“Tivemos um aumento nas ruas. Tínhamos uma média de dez a 20 pessoas. Isso veio aumentando, para 70, 100. Na última contagem, tinham 800 pessoas. Elas estão na rua por diversos motivos: há quem quer ficar na rua, quem está na fila de espera do atendimento. Para evitar que durmam na rua, oferecemos vagas nos abrigos para o pernoite. Mas tudo isso é de maneira voluntária, não podemos obrigar”, comentou o coordenador operacional da Força Tarefa Logística Humanitária, general Antônio Barros.
Mesmo com a fronteira parcialmente aberta, a maioria dos migrantes e refugiados está entrando no Brasil pelas rotas clandestinas. “Achávamos que ia ter fila na fronteira, mas o maior número de entradas não está sendo pela fronteira normal. Está sendo pelos caminhos alternativos. Não se tinha visualizado que isso ia acontecer. Mas a prioridade de atendimento é para as pessoas que entram pelo sistema legal. Quem entra já é regularizado. Até para não estimular que as pessoas cheguem por caminhos alternativos”, disse.
Mais que um carimbo
O número de pessoas regularizadas diariamente depende da capacidade de atendimento de todos os atores envolvidos no processo migratório. Atualmente o gargalo é a quantidade de testes de covid-19, de vacinação e de abrigamento, o que permite a regularização de 150 pessoas por dia. “Não adianta só emitir o documento. Quando tem dois fluxos, não adianta documentar as pessoas e elas ficarem na rua, não terem para onde ir”, comentou Barros.