As desavenças políticas entre o governador Antonio Denarium e o vice-governador Frutuoso Lins ganharam mais um capítulo. Agora filiado ao MDB, Frutuoso acredita que a interferência de outras pessoas afetou a relação entre os dois.
“Acho que houve interferência de muita gente na nossa relação. Foi isso que prejudicou. Muita gente que está ao lado dele se preocupou mais em atrapalhar a nossa relação, não deixando que eu atuasse na área da saúde, por exemplo”, disse. “A relação com o Antonio é institucional, democrática, de respeito e de tranquilidade. Estou como vice-governador e assim ficará até o término do meu mandato”.
Essa não é a primeira vez que Frutuoso rompe politicamente com Denarium. Ainda no primeiro ano de mandato, o vice anunciou que não concordava com algumas medidas adotadas pelo Governo de Roraima. “Dei minha opinião contrária, porém não fui ouvido”, disse à época. Meses depois, se filiou ao Solidariedade, comandado no Estado pelo deputado Jalser Renier. Nas Eleições municipais de 2020, ele pediu votos para o então candidato a prefeito Linoberg Almeida (Rede).
Nesse ano, governador e vice tentaram uma reaproximação. Sem sucesso. “Eu acho que tanto eu como ele reconhecemos que houve alguns problemas de interferência de outras pessoas. Conversamos e falamos sobre isso. Resolvemos fazer uma trégua nessas questões e tratar diretamente dos assuntos. Começamos a conversar mais vezes, mas a questão da não participação continuou do mesmo jeito”, comentou.
Médico concursado do Estado, Frutuoso afirmou que não teve nenhuma participação “em qualquer indicação dos nove, dez secretários que estiveram na [Secretaria de] Saúde”. “Já fui secretário de Saúde três vezes em outros Estados. Trabalhei no HGR, na maternidade… E, mesmo assim, essa experiência não foi utilizada. Houve um convite [para ser secretário de Saúde], que eu aceitei, mas dois dias depois, sem me comunicar, ele indicou outra pessoa, que foi o Airton Cascavel”.
Sobre as declarações de Frutuoso, o Governo de Roraima afirmou que, “durante todo esse período, o vice-governador pouco apareceu no trabalho, ou deu expediente e pouco colaborou nas constantes demandas”. Disse ainda que a postura de Frutuoso “sempre se manteve desagregadora e responsável por ‘afastar aliados’ políticos. Entende-se que sua presença ou ausência pouca diferença faz na administração pública”.
Filiação ao MDB
Ao lado de Romero Jucá, Teresa Surita e Arthur Henrique, Frutuoso se filiou ao MDB. “Estou a fim de somar com a minha experiência em saúde pública, já que devemos expandir esse conceito de gestão para todo o Estado… Posso afirmar que conheço a saúde de Roraima. Como vice-governador, esse conhecimento não foi empregado. Os porquês disso eu vou deixar para que cada um de vocês tirem as conclusões”, disse durante
Presidente regional do MDB, Jucá comemorou a chegada do novo correligionário. “Estamos filiando alguém que tem uma história em Roraima, um médico que poderia tá dando uma contribuição muito maior hoje, mas infelizmente a gente viu que ele não foi buscado da forma correta”.
A expectativa do partido é que Frutuoso seja candidato a deputado federal em 2022. “Ele fará a diferença no nosso Estado e, em Brasília, a discussão da saúde é fundamental. O SUS foi um instrumento que conseguiu salvar vidas, mas temos que ajustar as tabelas de remuneração do SUS, temos que ter uma saúde sustentável, com aplicação correta do dinheiro público, políticas públicas definidas e equilíbrio econômico. E o Frutuoso representa tudo isso”, anunciou Jucá.