Após os atos de vandalismo registrados na tarde deste domingo (8) em Brasília, praticados por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, autoridades roraimenses repudiaram a invasão e a depredação do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal.
No início da noite, o Governo de Roraima emitiu nota, repudiando “os atos de vandalismo que tomaram conta da capital federal e que culminaram com a invasão das sedes dos Poderes”. “Somos favoráveis às manifestações e discussões no campo das ideias, mas quando caminham para a desordem perdem sua legitimidade e colocam em risco a nossa democracia. O Governo de Roraima está alinhado com a defesa e a manutenção da Democracia”, assegurou.
O governador Antonio Denarium (Progressistas), aliado de Bolsonaro, afirmou que respeita “as manifestações no campo das ideias” e acredita que “o diálogo será sempre o melhor caminho na consolidação da nossa Democracia”. “Não aceito a violência como forma de busca de soluções. Roraima sempre estará alinhado com a Democracia”, afirmou.
Da mesma forma, a Assembleia Legislativa do Estado de Roraima repudiou os atos de vandalismo promovidos por “uma minoria antidemocrática, reacionária e contrária aos princípios e preceitos da Constituição Federal”. A Casa Legislativa defendeu a apuração e punição rigorosa de todos os envolvidos nos atos que atentaram frontalmente contra o Estado Democrático de Direito, para que sejam punidos em conformidade com as leis vigentes no país. E, por fim, reafirmou o compromisso com a preservação do Estado Democrático de Direito e que, em momento algum, compactuará com qualquer iniciativa que vise a um atentado à Democracia por parte de quem quer que seja.
Parlamentares se manifestam
Apoiador de Jair Bolsonaro, o senador Mecias de Jesus (Republicanos) repudiou “os atos depredatórios e invasivos contra os três Poderes da República”. “Peço que as autoridades competentes clamem uma única voz e, como bombeiros, apaguem fogo, jamais inflamem o sentimento de atear e atentar contra a Democracia do País”, escreveu.
Telmário Mota, senador do PROS em fim de mandato, afirmou que “a tentativa de golpe dos terroristas fracassou”. “O Lula continua sendo o presidente do País, o Rodrigo Pacheco continua sendo o presidente do Senado e do Congresso, o Arthur Lira continua sendo o presidente da Câmara, e a ministra Rosa Weber continua sendo a presidente do STF. Cabe agora manter o Estado Democrático de Direito e punir com o rigor da Lei todos os envolvidos nesses atos terroristas, tanto os atores, como os mentores e os patrocinadores dessas ações criminosas. O Brasil não pode deixar impune quem atente contra a nossa democracia”, disse.
Deputado federal e senador eleito pelo Progressistas, Hiran Gonçalves afirmou que estava acompanhando as notícias de Brasília: “Acredito que as manifestações, que não sejam violentas, são genuínas numa Democracia, mas não posso apoiar atos de vandalismo e de violência na nossa Pátria. Espero que possamos, através dos atos que estão acontecendo, fazer uma reflexão profunda das causas de tudo isso, que são principalmente uma assimetria que está acontecendo entre os Poderes da República. Espero que o equilíbrio, a harmonia e o respeito entre os Poderes seja restabelecido de uma forma mais rápida no nosso País para que possamos viver em paz, com progresso e bem estar para os brasileiros”.
No fim do mandato como deputada federal pela Rede Sustentabilidade e nova presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joênia Wapichana chamou os invasores de terroristas. “A Democracia deve ser respeitada! Que todos os envolvidos sejam responsabilizados com o rigor da Lei”, afirmou.
Apoiador de Bolsonaro, o deputado federal Nicoletti (União Brasil) publicou um vídeo, em que falou sobre a “revolta da população brasileira com o processo eleitoral”. “Eu volto lá atrás, onde o Congresso Nacional fraquejou em dar mais transparência no processo eleitoral com o voto impresso. Naquele momento, poucos parlamentares foram cobrados pela população de votar o voto impresso. Nisso culminou uma certa insegurança frente às votações das últimas eleições”, disse.
Nicoletti continuou: “Veio a derrota do nosso presidente Bolsonaro. As manifestações ficaram cada vez mais afloradas em frente aos quartéis, nas rodovias. (…) Agora a eleição acabou, nós já temos a posse infelizmente do presidente Lula à frente do Planalto, e nós temos também senadores e deputados para serem cobrados”.
E fez um pedido: “Então hoje você, que está em Brasília, pare de depredar prédios públicos. Não adianta entrar no Congresso, não adianta entrar no STF. Cobre o seu parlamentar, o seu deputado federal, o seu senador, principalmente o Senado Federal que tem competência na Constituição Federal para poder impichar o ministro do STF, que é isso que vocês estão buscando. Vocês acham que está tendo muito ativismo judicial? Eu também acho. (…) Nesse momento, vamos dar exemplo, exemplo de direita, de pessoas pacíficas, de movimentos ordeiros. É isso que a gente precisa. E não depredação de prédios públicos. É minoria que está lá depredando prédios públicos”.
Eleitos para a Câmara dos Deputados, Helena da Asatur (MDB) e Zé Haroldo Cathedral (PSD) também lamentaram a invasão. “Os atos antidemocráticos em Brasília são lamentáveis e criminosos. É fundamental que os responsáveis sejam identificados. Precisamos recuperar a paz social”, disse a deputada federal eleita.
“Manifestações são válidas para tornar pública as insatisfações. Mas não posso concordar com atos de vandalismo. Vejo muitos torcendo por tragédias e quebra-quebra nos Três Poderes, mas isso não resolve nada e ainda gera prejuízos com o que é de todos. A Democracia e as Instituições devem e precisam ser respeitadas”, pontuou o parlamentar federal eleito.
Os demais senadores e deputados federais não se manifestaram até o fechamento desta reportagem.