A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, afirmou na noite de segunda-feira (1º) em coletiva de imprensa, que o governo federal vai intensificar as operações diante das ações criminosas de garimpeiros ilegais que atacam os povos indígenas na terra yanomami.
Marina declarou durante coletiva concedida à imprensa em Boa Vista que o Executivo dará suporte logístico às forças armadas e de segurança pública dos órgãos de controle ambiental e indígena para dar uma resposta à altura às ações criminosas na região.
Ela e a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, sobrevoaram a região onde ocorreu o ataque a tiros na comunidade Uxiú, em que três homens yanomami foram baleados e um acabou morrendo no ataque, na tarde de sábado (29). Os dois sobreviventes foram removidos para o Hospital Geral de Roraima, em Boa Vista, e não correm risco de morte, de acordo com o governo do estado.
“Nós tivemos ontem uma reunião emergencial e a ação é fazer um ajuste nas operações com base nos dados que vão surgindo a todo momento. O governo brasileiro não vai recuar face à criminalidade. As ações vão ser intensificadas e vamos reforçar as equipes do Ibama, da PRF, da Polícia Federal com o suporte das forças armadas”, disse.
A ministra relatou ainda que a comitiva observou, durante o sobrevoo, que existem vários garimpos atualmente estão desativados e abandonados, mas alguns segundo os dados do satélite, outros pontos continuam ativos.
“Esses [garimpos] precisarão ser desativados com ação de inteligência e com suporte das ações integradas dos ministérios que atuam na frente de combate ao crime ambiental e ao crime em relação a exploração ilegal e criminosa de garimpo”, completou.
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, informou que a força-tarefa destruiu, até o momento, 330 pontos de garimpo dentro da terra indígena, além de ter retirado de operação 20 aeronaves e um conjunto muito grande de combustível e várias toneladas de minério, principalmente cassiterita.
“Nosso serviço de inteligência tem encontrado indícios muito fortes de que alguns pontos de garimpo são mantidos com apoio de organizações criminosas. Isso está sendo investigado, não temos ainda informações para adiantar, mas uma das pessoas que veio a óbito em uma das operações ontem tinha um envolvimento muito forte com uma das organizações criminosas. Isso tudo vai ser apurado dentro do inquérito federal da Polícia Federal”, afirmou.
Parte dos garimpeiros ilegais deixaram espontaneamente a terra indígena após o início das ações do governo, ainda em janeiro. Segundo o governo federal, mais de 20 mil invasores ocupavam o território.
Reforços e nova fase da estratégia
O secretário nacional de segurança pública, Tadeu Alencar, reforçou na coletiva que o Estado brasileiro não vai tolerar a permanência de garimpeiros ilegais na região da terra yanomami.
“Aqueles que de forma flagrante, ilegal e criminosa estão sendo recalcitantes quanto à decisão de deixar o território para que o Estado possa cumprir bem o seu papel, não vamos ceder um milímetro nesse enfrentamento a quem desafia a autoridade legal”, disse Alencar.
A comitiva explicou que uma estratégia trabalhada atualmente ocorre em três eixos. A primeira fase ocorreu com o processo de desintrusão dos garimpeiros de forma voluntária. A segunda foi o estrangulamento da infraestrutura logística e de suprimento de alimentação de combustível.
“Nessa terceira fase que já tivemos uma grande quantidade de garimpeiros que saíram e existem aqueles que estão fazendo agora uma abordagem violenta aos indígenas e às bases do próprio Estado. Agora é preciso intensificar as operações, mas sobretudo com trabalho de inteligência. Porque obviamente que tem alguém dando suporte econômico, dando suporte logístico e alimentício para esses grupos”, detalhou a ministra Marina.
“O apelo é para que [os garimpeiros ilegais] saiam pacificamente, com a clareza de que o governo vai intensificar as ações. O melhor caminho é o da retirada pacífica, por vontade dos garimpeiros, induzida pelo cumprimento da lei, obviamente, para que não crie uma ilusão de que o estado vai recuar”, declarou Marina.