O técnico fiscal Juan Carlos, de 27 anos, veio com a mulher e dois primos de Puerto Ordaz, na Venezuela, para comprar suprimentos e medicamentos em Pacaraima.
Eles cruzaram a fronteira na quinta-feira, 21, pouco antes do anúncio de fechamento por tempo indeterminado pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, que quer evitar a entrada da ajuda humanitária disponibilizada pelo governo brasileiro.
“Viemos comprar comida e remédios e agora não temos ideia de quando vamos conseguir voltar para lá. Ainda bem que pelo menos estamos conseguindo comer e tomar banho”, disse, referindo-se ao apoio prestado pela Operação Acolhida a ele e seus familiares.
Ele e a esposa estão dormindo no abrigo da operação. Os primos, para garantir que os produtos que compraram no Brasil não sejam saqueados, dormem no carro. “Nos deram comida, conseguimos comer até frutas no café da manhã. Isso não se vê em outro país. Damos graças ao povo brasileiro e a essa linda gente que está nos apoiando”, ressaltou.
Para Juan, a situação pode ser solucionada via diplomática para que ele e outros conterrâneos que estão estacionados em Pacaraima possam voltar para as famílias no país vizinho. “A fronteira tem que ficar aberta, nós precisamos ter essa relação com o Brasil. As coisas na Venezuela estão absurdamente caras e estamos passando uma situação muito séria na saúde e com alimentação”, frisou.
Ele também acredita que a ajuda humanitária proposta pelo Brasil e Estados Unidos tem que entrar no país. “Os políticos no nosso país dizem que não estamos passando necessidade, que está tudo bem, mas isso é um embuste. A realidade é outra. Eles [políticos] podem até ter condições, mas o povo não tem. Meninos morrem de desnutrição todos os dias, não há remédios, não há coquetéis para quem tem HIV, por exemplo”.
Que tristeza…