Deputados pretendem destinar R$ 200 mil, cada, em emendas a Roraima

Para minimizar os impactos causados pela crise migratória venezuelana a Roraima, os deputados federais que integram a Comissão Externa da Câmara dos Deputados que acompanha a situação anunciaram que pretendem destinar R$ 200 mil, cada, em emendas parlamentares ao Estado.

O anúncio foi feito na noite desta terça-feira, 30, em coletiva de imprensa após dois dias de visitas técnicas dos parlamentares a unidades de saúde, abrigos e bairros de Boa Vista e Pacaraima. Participaram das visitas os deputados Nicoletti (PSL/RR), Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), General Girão (PSL/RN), Delegado Pablo (PSL/AM) e Coronel Chrisóstomo (PSL/RO).

“Uma comitiva composta por deputados de outros estados já demonstra a natureza especial que vive a crise migratória. Não é uma crise estadual, é do Brasil. (…) A gente não vai ser hipócrita de falar que vai voltar para Brasília e dar cabo da situação”, disse Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro.

Ele afirmou ainda que já tem o comprometimento individual de cada deputado integrante da comissão em destinar R$ 200 mil de emendas parlamentares, totalizando quase R$ 1,5 milhão, para investir em hospitais “ou onde mais for necessário”. “É só um pouquinho, mas na atual situação esse pouquinho ajuda muito”.

Nicoletti, que é o coordenador da Comissão Externa, reforçou o consenso em doar um pouco das emendas, que seriam destinadas aos estados de cada parlamentar, para Roraima e os municípios. “Fortalece a união dessa comissão, para que a gente possa minimizar os impactos causados à sociedade roraimense pela crise migratória”.

Bolsonaro acrescentou que, retornando para Brasília, terá condições melhores de conversar com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, para tratar sobre proposta de que os brasileiros formados no exterior possam trabalhar como médicos na fronteira e depois recebam o registro no Conselho Regional de Medicina. “A ideia tem uma certa resistência, mas pode ser trabalhada”.

 

Membros da Comissão

Todos os cinco deputados que participaram da visita técnica são do PSL (Foto: Vanessa Vieira/Correio do Lavrado)

Dentre os oito deputados integrantes da Comissão Externa – José Medeiros (PODE/MT) e Roberto Pessoa (PSDB/CE) também são membros –, apenas Nicoletti foi eleito por Roraima. Questionado se teria convidado os demais parlamentares de Roraima a integrar a comissão ou acompanhar a visita técnica, ele respondeu que anunciou a criação em plenário.

“Uma comissão externa é criada através de requerimento. Qualquer deputado pode entrar com esse pedido. Fiz esse requerimento pensando no nosso Estado. Falei na tribuna, aos 513 deputados, sobre a criação da comissão. Então os deputados de Roraima estavam sabendo. [O presidente da Câmara] Rodrigo Maia fez a indicação de alguns deputados que estão aqui e outros são voluntários”, explicou.

Nicoletti complementou: “Se o deputado de Roraima já ajuda, já visita, conhece a realidade e não achou necessidade de participar é porque realmente ele já tem na cabeça um planejamento, uma estratégia, alguma coisa de emendas que vai alocar e, porventura, não se sentiu participando da comissão”.

Delegado Pablo comentou que procurou Nicoletti assim que ficou sabendo da criação da comissão porque, no Amazonas, o reflexo da migração também é muito grande. “A gente sabe que muitos passam aqui só para ir para Manaus. A comissão estava aberta a qualquer outro parlamentar de qualquer outro partido. Aqui não temos essa preocupação. Pelo contrário, a ideia de soma é que mostra a força, a coesão”.

Procurados pela reportagem do Correio do Lavrado, cinco deputados de Roraima disseram que não foram convidados a integrar a comissão. Os demais – Shéridan (PSDB) e Edio Lopes (PR) – não responderam.

Joênia Wapichana (Rede Sustentabilidade) e Hiran Gonçalves (PP) informaram que foram convidados a participar da visita técnica, mas tinham outros compromissos no mesmo período. “Por questões de participação em outras comissões, onde sou membro titular, não pude acompanhar a comitiva nessa visita”, justificou a parlamentar. “Não pôde participar devido a compromissos previamente agendados”, disse a assessoria do deputado.

 

Despesas pagas com cota parlamentar

Os deputados explicaram que as despesas da visita técnica estão sendo pagas com o recurso destinado à cota parlamentar. “Não pedi a criação da Comissão com ônus para a Câmara. Toda Comissão Externa pode vir com ou sem ônus. A decisão do Rodrigo Maia foi sem ônus, porque geralmente as Comissões Externas são sem ônus [para a Mesa Diretora]”, explicou Nicoletti, apesar de, no requerimento de criação, constar o termo “com ônus”.

“Cada deputado está tirando da sua cota parlamentar a passagem, o combustível, o aluguel de carro, toda a questão de marketing. O pessoal abriu mão de fazer mais trabalhos em seus estados para vir a Roraima. Não vem ganhando diária da Câmara. Isso mostra a sensibilidade enorme com a população”, frisou o coordenador da Comissão.

Eduardo Bolsonaro complementou dizendo que “seria muito mais confortável estar, na véspera do feriado, pegando uma praia ou em qualquer outra localidade”. “Independente de ser pago pela Mesa Diretora da Câmara ou vindo da nossa verba de gabinete, a fonte é uma só: o Erário. Esse é um bom exemplo do bom gasto do dinheiro público”.

Para ele, é preciso inverter a ótica. “Por que a gente não pergunta para os deputados do PT e do PSOL o motivo de eles não virem aqui olhar in loco a fome e o brasileiro sem escola? Ou visitar, que nem a gente fez ontem, a UTI Neonatal, onde 40 dos 46 recém-nascidos eram filhos de venezuelanos?”.

E completou: “Talvez eles não venham porque sabem que essa comitiva bota mais pressão para a saída do [presidente Nicolás] Maduro do poder. Todos os problemas que a gente vivencia tem uma fonte só: a narcoditadura do Maduro. (…) Quando Maduro cair, todos esses deputados do PT, que ficam falando que na Venezuela tem democracia ou que nós estamos apoiando um golpe na Venezuela, vão tá enrascados em esquemas do BNDES e da Odebrecht”.

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