Cerca de 50% dos leitos do Hospital Geral de Roraima e do Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazareth é ocupado por imigrantes venezuelanos. A informação foi repassada por diretores das unidades de saúde aos deputados federais que integram a comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanha os impactos da crise migratória em Roraima.
Acompanhados do governador Antonio Denarium (PSL), parlamentares visitaram as duas maiores unidades de saúde do Estado no início da tarde desta segunda-feira, 29. Depois seguiram para o Hospital das Clínicas, para a Policlínica Cosme e Silva e Hospital da Criança Santo Antônio.
Integram a comitiva os deputados federais Nicoletti (PSL/RR), Eduardo Bolsonaro (PSL/SP), General Girão (PSL/RN), Delegado Pablo (PSL/AM) e Coronel Chrisóstomo (PSL/RO).
Aos deputados, um dos diretores do HGR relatou que a demanda de venezuelanos é “gigantesca”. “No Pronto Atendimento, 50% dos pacientes são venezuelanos. Na UTI, são pelo menos 30%. A situação começou a agravar no início do ano passado”, disse.
O governador Antonio Denarium reforçou a existência de uma crise na saúde pública e afirmou que está em tramitação no Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação que pede do Governo Federal o reembolso das despesas gastas pelo Governo de Roraima com os venezuelanos. “Já estive na AGU [Advocacia-Geral da União], mas não tem acordo. Se negam a qualquer tipo de acerto para nos reembolsar”.
Denarium relatou ainda que, mesmo com a fronteira fechada, imigrantes continuam entrando no Brasil por Roraima. “Os venezuelanos vêm, ficam um período aqui. Os que têm dinheiro vão embora. Os desassistidos, que não têm formação profissional, ficam aqui”.
Em busca de soluções
Nicoletti, coordenador da comissão, adiantou que a saúde em Roraima é caótica, devido ao crescimento da população com a chegada de imigrantes. “Tanto no HGR quanto na maternidade, a situação é caótica. Até 60% dos atendimentos são para venezuelanos e isso prejudica o atendimento aos brasileiros. É fato. Não vem recurso federal para esses atendimentos. Falta UTI Neonatal, faltam leitos para receber as gestantes”, comentou.
O parlamentar reiterou que a comissão vai buscar soluções para o problema. “Vamos receber os dados, fazer relatórios e buscar soluções. Não estamos aqui apenas para ver a realidade e voltar para Brasília. Vamos cobrar do ministro [da Saúde, Luiz Henrique Mandetta] e do Governo Federal”.
A comitiva pediu que Governo do Estado e Prefeitura de Boa Vista encaminhem dados oficiais aos deputados para a confecção do relatório. “A partir disso, vamos apresentar um relatório e começar a articulação com o Governo Federal para que trace soluções definitivas”, explicou Nicoletti.
Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, e General Girão também afirmaram que vão pressionar o Governo Federal para que mande mais recursos para Roraima por conta da crise migratória.