Contrariando as recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro em cadeia nacional, o fórum de governadores brasileiros se reuniu por teleconferência nesta quarta-feira (25), e defendeu as ações de isolamento da população como política necessária para evitar a propagação do coronavírus e evitar o colapso dos sistemas de saúde nos estados.
Participaram chefes de 26 estados da Federação, incluindo o governador de Roraima, Antonio Denarium (sem partido), que publicamente apoia Bolsonaro. Apenas Ibaneis Rocha (MDB), do Distrito Federal, não estava presente na reunião.
O posicionamento ocorre após o presidente pedir o fim da quarentena adotada por estados e municípios brasileiros —como Roraima e a capital Boa Vista— e atacar a efetividade das ações restritivas de isolamento, destacando possíveis impactos na economia. A postura do presidente foi criticada amplamente tanto na esfera política quanto na área da saúde.
Os chefes estaduais redigiram uma carta em que mencionam travar “uma guerra contra uma doença altamente contagiosa e que deixará milhares de vítimas fatais”, solicitando auxílio e medidas como a suspensão do pagamento da dívida dos estados com a União pelo período de 12 meses e a redução da meta de superávit primário do governo federal, hoje um déficit permitido em até R$ 124,1 bilhões neste ano.
Além disso, os governadores querem a viabilização emergencial de recursos livres às unidades federativas e a aprovação imediata do Plano Mansueto no Congresso, projeto que prevê acesso a empréstimos da União para socorro fiscal a estados e municípios, tendo como garantia promessa de ajuste.
Eles também pedem a adoção de outras políticas emergenciais capazes de diminuir os efeitos negativos da crise sobre a parte mais pobre da população e apoio do governo federal para adquirir equipamentos e insumos.
Ciência e recomendações da OMS
Ainda na carta, os governadores foram enfáticos ao mencionar que vão continuar adotando medidas baseadas no que afirma a ciência e que devem seguir a orientação de profissionais de saúde e sobretudo os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde), em claro recado a Bolsonaro, que entrou em rota de colisão com os mandatários que adotaram as medidas de isolamento.
Por fim, os mandatários estaduais desejam que o presidente tenha serenidade e some forças na luta contra a crise do coronavírus e os impactos humanitários e econômicos.
“Os governadores entendem que este momento exige a participação dos poderes Legislativo, Executivo, Judiciário, da sociedade civil e dos meios de comunicação. Juntos teremos mais força para superar esta grave crise no país”, finalizaram.