“É preciso que a Amazônia se abra para o mundo. É necessário que a região, o lugar, a paisagem tornem-se algo presente na vida das pessoas, que não habitem apenas no imaginário, mas que façam parte de uma miríade de experiências que serão carregadas na mente e no coração das pessoas, pelo resto de suas vidas”.
Esse é um trecho da Carta do Turismo na Amazônia, assinada por representantes dos sete estados da região Norte e que cria as Rotas Amazônicas Integradas. As RAI têm como objetivo promover os produtos turísticos análogos dos estados da Amazônia brasileira por meio de rotas turísticas integradas, fortalecendo e ampliando o turismo em toda a região.
Os Estados reconhecem que cada um “se situa em um tempo turístico distinto, com modelos de gestão, produtos, capital humano e estruturação diversas, assincrônicas”. Por isso, uma das premissas da iniciativa consiste em conduzir um desenvolvimento turístico de forma cooperada e capaz de alinhar anseios que são comuns a todos.
“O turista estrangeiro não conhece fronteiras. Ele não vem para um Estado, ele vem para a Amazônia, que tá no imaginário do Mundo. E quando há uma união de esforço dos Estados para a promoção, organização e oferta de serviços, o turista pode conhecer um ou vários Estados numa mesma viagem. Esse é um esforço inédito, que facilita e amplia o potencial do trabalho que é feito”, destacou o secretário nacional de Desenvolvimento e Competitividade do Ministério do Turismo, William França Cordeiro.
Para o governador Antonio Denarium, essa é uma oportunidade de valorizar os empreendedores do Estado e de atrair novos investidores. “Para isso, estamos melhorando a infraestrutura e dando garantia de acesso aos principais atrativos de turismo do Estado”.
Turismo em casa
Antes de atrair turistas de outros países, é preciso pensar nos turistas locais. Rondônia tem feito isso, com o programa Viaja Mais Servidor, que incentiva os servidores estaduais a viajarem pelo Estado a partir de programas de descontos, taxas especiais e facilidade de deslocamento e hospedagem oferecidos pelas empresas do segmento.
“Nós criamos o programa em 2019 e fizemos parcerias com empresas do setor turístico, como hotéis, restaurantes, clubes de lazer para que os servidores possam viajar dentro do Estado”, explicou o superintendente de Turismo de Rondônia, Gilvan Pereira. “Isso faz com que a gente crie fluxo turístico e que os turistas locais deem credibilidade ao turismo regional, que se capacita e gera emprego e renda”, completou.
Para o secretário de Desenvolvimento e Competitividade do MTur, esse é o caminho: “Anualmente o Brasil mandava para outros países cerca de 11 milhões de turistas. Com a pandemia, há 11 milhões de potenciais turistas no Brasil. As pessoas continuam com vontade de viajar e podem fazer isso pelo Brasil”.
Pesca por esporte
Comum aos sete Estados do Norte, a pesca esportiva foi o segmento turístico escolhido para dar início ao trabalho das Rotas Amazônicas Integradas. “Priorizamos uma atividade do turismo que existe em todos os Estados. Até então, fazíamos ações não-integradas e, a partir de agora, priorizaremos a pesca esportiva, que é o segmento com potencial a dar mais resultados do ponto de vista econômico e social”, comentou o presidente da Agência do Desenvolvimento do Turismo, Cultura e Economia Criativa do Tocantins, Jairo Soares Mariano.
O respeito à natureza, destaca o secretário nacional de Aquicultura e Pesca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Jorge Seif Júnior, está na alma do pescador esportivo. Ainda assim, é necessário regulamentar a atividade.
Em Roraima, já há uma proposta de atualização do regramento, com o envio à Assembleia Legislativa de um Projeto de Lei que institui a Política Estadual de Pesca Sustentável, que tem objetivo de assegurar o equilíbrio ecológico, a conservação dos recursos pesqueiros, a melhoria das condições de vida da população ribeirinha, o turismo de pesca como atividade econômica de baixo impacto e a manutenção da capacidade de suporte dos ambientes aquáticos.
Se aprovada pelos parlamentares, a lei estadual prevê obrigatoriedade de licença para a atividade, seja ela de natureza amadora, recreativa, esportiva ou científica. Os empreendimentos, atividades e serviços associados e/ou de apoio às atividades de pesca e turismo também deverão ser licenciados.
E há previsão de multas: em caso de pesca em período ou local proibido, a multa varia de R$ 700 a R$ 100 mil; e exercer a atividade sem cadastro prévio, inscrição, autorização, licença permissão ou registro também dará multa, que varia de R$ 300 a R$ 10 mil. O PL ainda precisa ser discutido na Casa Legislativa.